Retrato de Elvira Bordalo Pinheiro

, 1884

Columbano Bordalo Pinheiro

Óleo sobre tela

90 × 61 cm
assinado e datado
Inv. 737
Historial
Legado pela retratada em 1933.

Exposições
Lisboa, 1884, 15; Lisboa, 1904, 52; Lisboa, 1948; Caldas da Rainha, 1955, 211; Lisboa, 1957, 17; Caldas da Rainha, 1957; Lisboa, 1980, 16, p.b.; Paris, 1987, 189, p.b.; Lisboa, 1988, 189, p.b.; Queluz, 1989, 38; Lisboa, 2005; Caldas da Rainha, 2005, 260, cor; Lisboa, 2005; Lisboa, 2007.

Bibliografia
PESSANHA, 1897; MACEDO, 1945, 13, p.b.; MACEDO, 1952, XVII, p.b.; PAMPLONA, 1954, vol. I; LUCENA, 1957, 32; Revista e Boletim da ANBA(...), 1957, 32 – 33, p.b.; FRANÇA, 1979, 30, p.b.; Columbano, 1980, 22, p.b.; FRANÇA, 1981, 73; FRANÇA e COSTA, 1988, 219, p.b.; FRANÇA, 1998, 368; ELIAS, 2002, 109; Malhoa e Bordalo (...), 2005, 208, cor; Columbano Bordalo Pinheiro, 1874 – 1900, 2007, 109.
A sobriedade da retratada, cunhada do autor por casamento com Rafael, articula-se com a modernidade de uma pintura quase planificada, recortada em fundo claro, abstracto pelo avolumar de manchas, em atitude próxima de alguns retratos de Manet. Aliás, aproxima-se tanto do espectador quanto a figura e adquire uma materialidade visível pela autonomia de cada pincelada, na fruição do pictórico e no entendimento do quadro como superfície coberta de cor, esquecendo sombreados. Assim, a atenção dirige-se para o pictural, para a solidez do fundo e a tacteabilidade do acetinado do vestido, em pinceladas de sobreposição de negros, sem modelado nem profundidade. O delinear da figura, recortada pelos efeitos cromáticos, associa-se a uma quase inexistência de conteúdos expressivos, de modo a permitir a sua clara identificação e uma descrição sumária desta forte personalidade feminina que muito o atraía, um dos seus familiares mais representados. No entanto, esta breve aproximação à sua individualidade dissipa-se na importância dada ao tratamento sensível das mãos, em segmentos tonais de cores claras, entre o carmim e os brancos das luvas. Também o destaque de um apontamento impressivo de uma pele, em traços soltos de pormenor e manchas indefinidas, no exercício do puro prazer de pintar, atribui uma liberdade e interesse únicos à pincelada, na independência do objecto representado.

Maria Aires Silveira