Nu

, 1925

Eduardo Viana

Óleo sobre tela

96 × 146 cm
assinado e datado
Inv. 885
Historial
Pintura decorativa do Bristol Club Dancing, nos Restauradores, em Lisboa. Adquirido pelo Estado a Mário Freitas Ribeiro, em 1936.

Exposições
Lisboa, 1926, 37; S. Paulo, 1955, 238; Lisboa, 1968, 100, p.b.; Queluz, 1989; Mons, 1991, 64, cor; Porto, 1992; Frankfurt, 1997; Lisboa, 1997; Castelo Branco, 2001; Lisboa, 2005; Lisboa, 2006; Lisboa, 2009; Lisboa, 2010.

Bibliografia
II Salão de Outono, 1926, 37; III Bienal do Museu de Arte Moderna (…), 1955, 238; Um Século de Pintura e Escultura Portuguesas, 1965, 71, p.b.; Exposição Retrospectiva (…), 1968, 100, p.b.; FRANÇA, 1968, 11-13; FRANÇA, 1973, 423; FRANÇA, 1974, 144-145, cor; GONÇALVES, 1986, 11, cor; MARÍN, 1989, s.n.º, p.b.; Eduardo Viana: ami des Delaunay (…), 1991, 64, cor; Eduardo Viana (1881-1967), 1992, 152, cor; SILVA, 1992, 36; SILVA (et al.), 1994, 137, cor; SILVA, 1995, 382; A Arte Portuguesa do Século XX, 1998, 44; SILVA, 1998, 14, cor; HENRIQUES, 1999, 55, cor; FRANÇA, 2001, 47, cor; SANTOS, 2001, 75, cor; PINHARANDA, 2009, 42, cor.
Esta pintura configura o que poderíamos designar por pintura programa da obra de Viana. Exemplo de uma maturidade conquistada é-o pelo prazer do ofício, passados que estavam os anos das muitas experimentações. Neste sentido, revela-se uma poética da substância expressa num sensualismo cromático absoluto, que figura quer a paisagem, quer o corpo, enquanto paralelamente evoca uma memória da pintura clássica – atenda-se à permanência de valores, como a distribuição da cor, a composição, a fisionomia do corpo na esteira de Courbet. Todavia, não estamos já diante da representação da própria carnação, mas perante a construção de valores volumétricos cézannianos, aos quais se sobrepõe um trabalho cromático, oscilando entre os rosas carminados, os laranjas e os ocres, que leva a consequências extremas o prazer e o jogo estabelecido pelas diversas superfícies e velaturas. Deste modo o valor clássico da carnação perde-se – disso é esta obra, bem como outra semelhante da colecção do FCG/CAM (Fundação Calouste Gulbenkian/Centro de Arte Moderna), documento do facto para a pintura portuguesa – e, como se de matéria gustativa se tratasse, o corpo harmoniza-se com a natureza-morta do primeiro plano. Apanágio da matéria e do seu tratamento sensual são estas obras uma expressão da pintura como desejo do pictórico.

Pedro Lapa