Grande parte das escultoras que se apresentam neste livro não tiveram ainda a atenção devida por parte da investigação científica e artística portuguesa. Dando continuidade a um conjunto de estudos sobre mulheres artistas em Portugal, pretende-se contribuir para a alteração desde panorama.
Nos primeiros séculos que se abordam, encontram-se trajectórias que não serão exactamente de artistas de profissão. No entanto, por se terem dedicado a esta forma de expressão, podem ter servido de impulso quer às suas contemporâneas, quer a gerações posteriores e importa fixá-las, recuperando a memória.
Como Rosalind Krauss observou, a Escultura foi considerada durante séculos como uma arte de espaço composta de matéria inerte e imóvel, oposta às artes de tempo, alterando-se esta visão sobretudo a partir dos anos 30 do século XX. O espaço e o tempo começaram a não se conseguir apartar na análise da Escultura que em breve ganharia também o movimento e uma fuga ao plinto. Assim, não foi só a condição das mulheres que se alterou, a própria condição da Escultura, como a de outras Artes, sofreu diversas alterações no século XX. As escultoras, analisadas neste livro, cruzaram-se com as particularidades, exigências e transformações do campo escultórico que brevemente se acabaram de referir.
Com este volume reuniram-se esforços para tornar mais visível quer o legado patrimonial das Escultoras, quer a actividade actual de modo a dar relevo e promover estudos nesta área. O primeiro ensaio aborda volumetrias quase invisíveis entre o século XVII e o início do século XX, desde Inácia da Conceição, em 1654, passando por Maria Margarida Ferreira Borges, Ada da Cunha, entre muitas outras. Os capítulos seguintes apresentam casos de estudo sobre: Maria Luísa de Sousa Holstein, Ana de Gonta Colaço, Dorita de Castel-Branco, Maria Barreira, Irene Vilar, Clara Menéres, Marina Mesquita, Cristina Ataíde, Fernanda Fragateiro, Ângela Ferreira, Joana Vasconcelos. O livro termina com uma antologia bibliográfica de estudos sobre mulheres artistas em Portugal até 2015, ano em que o volume foi fechado. Menção ainda para a introdução que faz referência às ausências.
Coordenação - Sandra Leandro e Raquel Henriques da Silva
Autoria – Ana Pérez-Quiroga, Emília Ferreira, Daniela Garcia, Fátima Lambert, Laura Castro, Lúcia Almeida Matos, Nuno Crespo, Paulo Simões Nunes, Raquel Henriques da Silva, Sandra Leandro, Sandra Saldanha, Sandra Vieira Jürgens
No MNAC-Chiado dia 15 de fevereiro às 18h30
