Joaquim Rodrigo

Lisboa , 1912 Lisboa , 1997

Engenheiro agrónomo de profissão desde 1938, chegou tardiamente à pintura, no início da década de 1950. A partir de 1951 passa a expor regularmente o seu trabalho nas Exposições Gerais de Artes Plásticas. Em 1957, marca presença na IV Bienal de São Paulo e, no ano seguinte, na Exposição Universal de Bruxelas. Em 1972, expõe individualmente pela primeira vez, na snba, numa retrospectiva que lhe granjeou o prémio Soquil da Crítica de Arte. Seguem-se importantes exposições individuais, na Galeria Quadrum (1982, distinguida com o prémio AICA/SEC) e na Galeria Valentim de Carvalho (1994). Entre 1977 1979, dirige um curso de pintura na snba, interrompendo a sua produção como pintor. No início da década de 80, retoma a actividade artística, que manterá intensamente até à data da sua morte. A obra de Joaquim Rodrigo espelha períodos distintos de exploração pictórica e conceptual, destacando-se no entanto o desenvolvimento, a partir de 1951, de uma pintura cada vez mais marcada por uma consciencialização abstracta e geométrica rigorosa. A partir de 1960, rompe com esses valores e concentra-se na busca da representação do real através da criação de uma linguagem simbólica própria. Foi, juntamente com Paula Rego, o principal iniciador de uma «nova figuração», marcada pelo não naturalismo da representação. A sua pintura figurativa incide inicialmente na produção de um discurso crítico sobre contexto político e social do Portugal dos anos 60, sobretudo da guerra colonial, desenvolvendo-se progressivamente para temas mais introspectivos, com um forte carácter memorialista e narrativo, que denotam a sua constante reflexão sobre os acontecimentos que o rodeiam. Representado em importantes exposições um pouco por todo o mundo (Tóquio, 1965; Suécia, 1976; Bruxelas, 1986; Filadélfia, 1987; São Paulo, 1989), o seu valor artístico foi reconhecido por historiadores e críticos de arte internacionais, como Rudi Fuchs, Jan Hoet, ou Hans Ulrich Obrist. Em Portugal, José-Augusto França dedicou-lhe um estudo monográfico, o único que o historiador fez sobre um artista vivo. A sua obra foi ainda objecto do primeiro catálogo raisonné, realizado em Portugal, da autoria de Pedro Lapa e María Jesús Ávila.

Joana Baião