António Manuel da Fonseca

Lisboa , 1796 Lisboa , 1890

Fez a sua formação em Roma, de 1826 a 34, com o apoio do barão de Quintela, que apreciara a sua decoração no palacete lisboeta. Discípulo de seu pai, João Tomás da Fonseca, fraco pintor-decorador de igrejas e palácios, Fonseca interrompe a sua estada em Itália para expor em Lisboa, na sua primeira individual, em data comemorativa do termo da guerra civil, depois de um período em que se declarara claramente liberal. Traz cópias de conhecidos autores e regressa a Roma por um ano, em 1830, para copiar Rafael.
Nomeado professor de Pintura de História da Academia de Belas-Artes, em 1836, alterna a sua longa carreira no ensino do neoclassicismo com a pintura decorativa, expondo regularmente na Academia. Da sua produção, destacam-se equilibradas obras de cenas religiosas e uma conhecida pintura histórica Eneias salvando o seu pai Anquises do incêndio de Tróia, muito elogiada no seu dramatismo de um neoclassicismo erudito, exposta em 1843, e alterada durante décadas. Passaria por uma inevitável recusa de um júri maioritariamente composto por artistas da geração romântica, que procedia à aprovação de um conjunto de obras a apresentar na Exposição Universal de Paris de 1855. Mestre Fonseca representava um academismo assumido tardiamente e uma autoridade pedagógica condicionante de um gosto, por vezes contestado em acesas polémicas. Quando se afastou do ensino, cerca de 1860, os “infiéis discípulos” apresentavam as novas propostas de pintura “no natural”. Foi académico de Roma, França e Madrid e recebeu distinções como a de comendador da Ordem de Cristo.

Maria Aires Silveira