Retrato de D. Helena Dulac Pinto de Miranda

, 1888

António Ramalho

Óleo sobre tela

207,5 × 104cm
assinado e datado
Inv. 316
Historial
Doação da retratada em 1917.

Exposições
Lisboa, 1974, 443; Paris, 1987, 207, cor e p.b.; Lisboa, 1988, 207, cor e p.b.; Queluz, 1989, 25; Lisboa, 2002; Lisboa, 2005.

Bibliografia
RAMALHO, 1888, 172; ARTHUR, 1896, 44 – 45; DANTAS, 1916, p.b.; MACEDO, 1954, 7, p.b.; PAMPLONA, 1954, vol. III; FRANÇA, 1967, vol. II, 57, p.b.; Dicionário da Pintura Universal: Pintura Portuguesa, 1973, vol. 3, 330; FRANÇA, 1981, 73, p.b.; RIO-CARVALHO, 1986, 67, cor; FRANÇA, 1988, 45; FRANÇA e COSTA, 1988, 237, cor; LAPA, 1994, 42, cor; PEREIRA, 1995, 337.


O retrato com figuras em tamanho natural, enquadrado por um rectângulo com fundo opaco, que se fecha em torno da retratada, foi moda no final do século dezanove e princípios de novecentos. Exemplos esplêndidos encontram-se nas realizações de Whistler, Klimt ou J.S. Sargent que se apropriaram desta tradição académica para introduzirem valores modernos. Tais situações permitem confrontar e entender, no presente caso, os limites e as possibilidades da moderna pintura nacional da época.
A figura branca da retratada recorta-se sobre o fundo e chão, cuja inclinação frontal do plano, que impõe uma moderna sobreposição do pictórico a um espaço de representação naturalista, permite uma correspondência e circulação do enquadramento global, servido por uma paleta rica em cor. Uma preocupação decorativa está presente nos próprios motivos florais que encontram uma rima no bouquet que a retratada segura. O sombreado do lado esquerdo do vestido vem activar a volumetria e a sugestão de qualidade do tecido que em grande parte a silhueta branca dilui e planifica. De resto este aspecto profundamente moderno foi uma intermitente e esporádica preocupação nos retratos do artista, sobretudo se atendermos ao Retrato de senhora de preto da Casa Museu Anastácio Gonçalves.
A carnação e o conjunto da figura revelam um bibelot em porcelana, metáfora de um gosto fim-de-século, que Eça de Queirós descreveu e António Ramalho, seu admirador confesso, pintou enquanto retratista primeiro da sua geração, se exceptuarmos o particularíssimo caso de Columbano.

Pedro Lapa